INTERTEXTUALIDADE E INTERDISCURSIVIDADE
Luiz Eduardo Lima Ribeiro[1]
Intertextualidade
“Cada enunciado é pleno de ecos e reverberações, com os quais se
relaciona pela comunhão da esfera de comunicação [...]. Cada enunciado refuta,
confirma, complementa e depende dos outros; [...].”
Bakhtin,
Mikhail. Estética da criação verbal. 2ª ed. São Paulo. Marins Fontes, 2007.
Relações
intertextuais mais comuns
Intertextualidade
Temática
Ø Um filme e a crítica do filme
Ø Dois romances que tratam do mesmo tema.
Intertextualidade
Estrutural
Ø Receita- Enumeração de ingredientes + preparo
Ø Gibi- sequencias de quadrinhos com falas e balões
para as personagens
Ø Soneto-Dois quartetos e dois tercetos
Intertextualidade
Referencial
Ø A citação de outros textos ou alusão a esses textos
Exemplo: Freud
denominando a inclinação erótica de um filho pela mãe de “Completo de Édipo” em
uma referência à tragédia grega.
Exemplos de
intertextualidade
Ø Epigrafe- É
uma escrita introdutória a outra
Ø Citação- É
uma transcrição de um outro texto para embasar outro texto, marcado por
virgulas e a referência do texto original.
Ø Paráfrase- é
a reprodução do texto do outro com a palavra do autor.
Ø Paródia- é
uma forma de subverter um texto anterior, visando a ironia, ou a crítica.
Interdiscursividade
Ø O conceito de interdiscursividade alinha-se
à concepção de que os discursos se relacionam a outros discursos. Um discurso
traz, em sua constituição, outros discursos, é tecido por eles, seja
pelos já ditos, em um dado lugar e momento histórico, seja por
aqueles a serem ainda produzidos. Isso significa que não há discurso homogêneo,
fechado em si mesmo e dotado de uma fonte única do dizer.
Ø Ao falarmos, nossos dizeres são atravessados por
outras vozes, por outras fontes enunciativas. O que se está dizendo, numa dada
interação social, situa-se em uma rede interdiscursiva, toca em inúmeros fios
dialógicos, impregnados de valores, de crenças, carregados de sentidos.
Exemplos
de interdiscursividade
Fragmento do conto “O espelho – Esboço de uma nova teoria da alma
humana” (1882).
―Desde que ficara só, não olhara uma só vez
para o espelho. (...) era um impulso inconsciente, um receio de achar-me um e
dois, ao mesmo tempo, naquela casa solitária; e se tal explicação é verdadeira,
nada prova melhor a contradição 30 humana, porque no fim de oito dias deu-me na
veneta de olhar para o espelho com o fim justamente de achar-me dois.
ASSIS, Machado de. Obra
Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994, v. II. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000240.pdf/
Ao espelho
(Jorge Luís Borges)
Por
que persistes, incessante espelho? Por que repetes, misterioso irmão, O menor
movimento de minha mão? Por que na sombra o súbito reflexo? És o outro eu sobre
o qual fala o grego E desde sempre espreitas. Na brunidura Da água incerta ou
do cristal que dura Me buscas e é inútil estar cego. O fato de não te ver e
saber-te Te agrega horror, coisa de magia que ousas Multiplicar a cifra dessas
coisas Que somos e que abarcam nossa sorte. Quando eu estiver morto, copiarás
outro e depois outro, e outro, e outro, e outro…
Disponível em: https://www.tudoepoema.com.br/jorge-luis-borges-ao-espelho/
Conforme
afirma Oliveira (2021, p.30), apesar de possuírem abordagens
semelhantes, praticamente retratarem sobre o mesmo tema, não identificamos no
poema de Jorge Luís Borges uma relação marcada pela intertextualidade, conforme
a definição atual, defendida por vários estudiosos.
O conto de Machado de Assis
foi publicado em 1882 e o poema de Jorge Luís Borges, escritor argentino, em
1972. Segundo Oliveira (2021, p.30),
isso significa que Machado de Assis sequer conheceu a obra de Jorge Luís
Borges. Este, no entanto, se levarmos em consideração o fator tempo, teve
condições de conhecer a obra de Machado de Assis, mas não há nenhuma garantia
ou evidência de que isso realmente tenha acontecido e, além disso, não há no
poema nenhuma forma de retomada explícita do conto de Machado de Assis.
Assim, o que há entre os dois
textos, é a relação da interdiscursividade, é o que Oliveira (2021, p.31), vai chamar de “ um
diálogo entre dois discursos que conversam entre si, abordando o mesmo tema e
sob um mesmo enfoque.”
Referências
Ø BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2ª ed. São Paulo. Marins
Fontes, 2007.
Ø KOCK,Ingedore G. Vilaça.Intertextualidade: diálogos possíveis/Ingedore
G.Villaça Kock, Ana Christina Bentes, Mônica Magalhães Cavalcante.- 2.ed.- São
Paulo, 2008.
Ø OLIVEIRA, Ana Carolina de. Intertextualidade na construção do sentido:
uma análise desse fenômeno em poemas e canções./ Ana Carolina de
Oliveira-Mossoró,2001. 115p.
[1] Graduado em Letras/Literatura, pós-graduado em LIBRAS e Mestrando em Letras-PPPGEL-UESPI.
Aqui é Giselda. Parabéns! mas depois vou fazer uma melhor leitura
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